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LANGJÖKULL, ISLÂNDIA, ETAPA 2022, ENTRE PLACAS TECTÔNICAS

Atualizado: 9 de nov. de 2022


Hoje o sol vai se pôr às 23h45 e nascerá às 3h01. Sabe o que acontece no intervalo de menos de 2,5 h entre o nascer e o pôr? O céu continua claro! Haha… então um amigo me propôs uma “solução genial”: compre uma barraca blackout e durma no escuro! Não o respondi, não quis ser indelicado, mas minha resposta seria: só não esquece de negociar com sua mente, pois ela está ligada de que o céu continua claro. Por que as pessoas insistem nessa via de lógica para solucionar tudo o que há na vida?


Hoje estou em Hússafell, um interior de Islândia rodeado de fazendas com criação de ovelhas. Não há nada em aqui, apenas um camping, um mercado, um restaurante e uma igrejinha. O lugar é muito calmo, talvez o mais que tenha ficado nessa expedição. Aqui, o rio Hvítá nasce nos glaciares e se encontra com o rio Geitá. Ambos escorrem suas águas de degelo entre pedras que parecem ter sido colocadas milimetricamente para a natureza nos humilhar dada tamanha perfeição.


Confesso que estou apreensivo e não estou conseguindo dormir, então resolvi escrever um pouco.


Amanhã será um dia especial, pois irei visitar uma geleira, a Langjokull. Já conheci algumas geleiras nessa vida, como o Perito Moreno na Argentina e o Vestisquero Colgante no Chile, as duas magníficas. Entretanto, Langjökull um gigante de neve a 1355 m parece possuir algo especial. Assim, desviei minha rota em 240 km para estar aqui, mas porquê? Há uma caverna nos subterrâneos de Langjökull que abriga um capela de gelo.


Minha mãe faleceu em janeiro de 2018 e presenciei sua rara aparição em duas oportunidades. Uma no Chile em 2019, em Porvenir, durante minha expedição ao extremo sul do mundo e no dia do meu aniversário. A outra, nesse mesmo ano, na segunda parte norte da mesma expedição, em um monastério na Dinamarca.


Talvez o mesmo amigo que me aconselhara sobre a barraca blackout, agora me questionasse: como assim, você viu sua mãe de fato? Pois é, não precisamos das coisas materiais para termos certeza de que elas existem; precisamos apenas senti-las.


Sentir minha mãe presente nas duas ocasiões em 2019 foi uma dádiva que a vida me deu após a sua morte.


Agora, por que essa “aposta” na capela de Langjökull? Diria que há tempos alguns sinais me trazem aqui!


Sabe, é muito difícil não ter mãe e parece óbvio de que gostaria de ser brindado com mais um encontro. Entretanto, sei que não gerar expectativa demasiada faz parte da experiência. Assim, se estiver íntegro para viver o que deve ser vivido, o momento por si só já gerará seu valor e tudo valerá a pena.


Se não há escuridão na Islândia e se a luz eterna é o símbolo da continuidade da vida, quem sou eu para ousar escurecê-la? É difícil viver totalmente às claras! Então, que essa luz continue a iluminar o caminho durante 24 h, sem tapa olhos e muito menos com barraca blackout!


Estou com frio nas costas, mas com os pés quentinhos. Boa noite de dia!

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